Muito se tem falado sobre a necessidade de aumentar a simetria nas relações de pacientes e profissionais visando diminuir distanciamentos e fortalecer as relações de parceria nos cuidados em saúde. Já podemos perceber uma maior preocupação e sensibilização à temática do engajamento de pacientes e familiares para promover ambientes mais seguros, melhores desfechos e maior satisfação de todos os envolvidos.
Nesse cenário e em meio a uma mudança de paradigmas, o incentivo à realização de perguntas pode nos oferecer um caminho poderoso para empoderar o paciente e seu acompanhante, encurtando distâncias no entendimento de dúvidas e dificuldades, muitas vezes não detectadas.
Costumo dizer que se não há dúvida, pode não haver entendimento amplo do assunto. Em meu dia a dia percebo que a transmissão de uma informação nem sempre é o maior desafio, entretanto, ao “passar o conteúdo” cabe sempre confirmar se estamos indo ao ponto correto ou mesmo se abordamos todos os aspectos necessários da melhor forma possível.
A comunicação é um dos processos mais difíceis em qualquer organização, e em hospitais mais ainda, em meio a tantas situações de extrema fragilidade e a contextos impregnados de muita emoção. Quando pensamos na diversidade da equipe multiprofissional envolvida no atendimento ao paciente, além da complexidade e volume de informações, podemos ficar mais sensíveis à necessidade de facilitar diálogos e criar espaços onde pacientes, familiares e cuidadores possam ocupar um lugar de fala e de maior protagonismo.
Incentivar as pessoas a fazerem perguntas me parece um caminho extremamente importante, nos mais diversos segmentos da nossa vida, não apenas quando de se trata de relações de cuidado em saúde. Esse pode ser um “portal” nem sempre fácil de ser atravessado, ou seja, pode não ser trivial apresentar necessidades, seja por receio de expor fragilidades e até pela falta do hábito de externar pensamentos e dificuldades.
Aprecio muito o slogan “Vamos fazer ouvir a voz dos pacientes!” trazido pela OMS em 2023 como forma de estimular que pacientes e familiares expressem suas dúvidas preocupações, expectativas e preferências para que assim, possam ter uma participação mais ativa em seus cuidados, com aumento da segurança e diminuição de danos evitáveis, conforme estratégias do Plano de Ação Global para a Segurança do Paciente 2021-2030.
Em 2001 o Comitê do Institute of Medicine EUA trouxe no Relatório Nacional de Qualidade, Envisioning the National Healht Cre Quality Report, Washington (DC): National Academies Press (EUA), importantes aspectos sobre qualidade e reforçou a importância do cuidado centrado no paciente pautado na “Atitude de Parceria entre profissionais de saúde, os pacientes e seus familiares, garantindo que todas as decisões respeitem as necessidades, valores e as preferências dos pacientes e que eles recebam educação e suporte que precisam para tomar decisões e participar de seu próprio cuidado”.
Para além das orientações e informações extremamente necessárias nos diversos momentos e fases dos cuidados em saúde, abrir o espaço para que o paciente pergunte, exponha dúvidas, diga o que não entendeu, o que mais ele esperava saber, o que não lhe falaram ainda e o que importa para ele, traz à tona uma base fundamental para fortalecer atitudes de parceria, com maior participação do paciente e interação com os profissionais.
Incentivar pacientes e cuidadores a perguntarem e apresentarem dúvidas pode ser uma chave valiosa para tornar a comunicação mais assertiva e segura e as instituições de saúde podem criar métodos que fortaleçam essa cultura, através de rotinas, práticas e rituais de conversas.
Em meus quase 30 anos atuando em hospital, já tive muitas e gratas surpresas na interação com pacientes e familiares ao acrescentar o espaço para que se coloquem fazendo perguntas com interesse genuíno para acolher as dúvidas. Vale tentar!
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- PLANO DE AÇÃO GLOBAL PARA A SEGURANÇA DO PACIENTE 2021-2030 : Em busca da eliminação dos danos evitáveis nos cuidados de saúde
- Gestão de Pessoas em Saúde, Haino Burmester, Claudia Matias, Patrícia Pousa, Maria Aparecida Novaes, Editora Saraiva, Série Gestão Estratégica de Saúde, 2019
- Envisioning the National Healht Cre Quality Report, Washington (DC): National Academies Press (EUA), 2001.