Victor Montori, médico endocrinologista na Mayo Clinic, é o maior expoente do movimento global, a Revolução do Paciente, expressão que surgiu no artigo sobre a temática, de 20131, liderado por Tessa Richards, médica generalista e defensora contundente da participação do paciente.
Para o movimento a Revolução do Paciente, o complexo industrial da saúde perdeu seu propósito moral e essa corrupção na sua missão exige uma correção de rumo urgente. A industrialização da saúde sobrecarrega os profissionais e os pacientes, e tornou os cuidados em saúde humanamente insustentáveis2. Essa mudança imperiosa apenas ocorrerá se os pacientes forem reconhecidos como parceiros e atores centrais dos sistemas de saúde e do seu cuidado. Isso porque os pacientes compreendem muito mais do que os profissionais a realidade da sua condição, o impacto da doença e do seu tratamento nas suas vidas e como os serviços podem ser mais bem concebidos para os ajudar. Desse modo, os profissionais e os pacientes precisam trabalhar em parceria se quisermos melhorar os cuidados em saúde e desafiar práticas e comportamentos profundamente enraizados3.
No livro de Montori, de 2017, “Why we Revolt: a patient revolution for careful and kind care”4, clama-se por uma Revolução do Paciente, de forma a transformar os cuidados em saúde de industriais em cuidados “zelosos e gentis”.5 O cuidado zeloso significa a presença da preocupação atenta, solicitude e prevenção de erros, e gentil implica uma atitude afável, empática e prestativa. O cuidado zeloso exige um tratamento seguro e baseado em evidências e respostas endereçadas à situação particular de cada paciente, assim como a percepção integral dos pacientes pelos profissionais, considerando a sua biologia e a sua biografia. O cuidado gentil denota o reconhecimento pelo profissional do compartilhamento da sua humanidade em cada paciente6
Atualmente, a Revolução do Paciente é um movimento global que congrega Ativistas de Cuidados, como pacientes, profissionais, cuidadores, pesquisadores, educadores, líderes de organizações de saúde e formuladores de políticas, em uma comunidade internacional. 7 O Brasil precisa se inserir nesse movimento que propugna, em última instância, uma ampla reformulação da missão dos sistemas e dos serviços de saúde, que, atualmente, se caracteriza, conforme Montori, como industrial8. Assim, a Revolução do Paciente conclama a todos os Ativistas de Cuidados para reconhecerem o protagonismo dos pacientes e o seu papel nessa empreitada complexa e difícil de transformação do ecossistema de saúde, em parceria com os profissionais, que sofrem os impactos desse desvirtuamento dos propósitos dos cuidados em saúde.
Venha fazer parte desse movimento global e esteja conosco no I Simpósio “A Revolução do Paciente”, que será realizado online no dia 7 de agosto. O Simpósio é uma iniciativa do Comitê de Bioética do Grupo Hospitalar Conceição e do Instituto Brasileiro de Direito do Paciente, e conta com o apoio do Instituto Camaleão, o Instituto Oncoguia e o Instituto PaliAtivo, e o Observatório de Direitos do Paciente do Programa de Pós-Graduação em Bioética da UnB.
Acesse o link para a sua inscrição gratuita: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSeAQ17m2cUrmKpzTexylSVdILuQiTjOLj9Cs2ZUHMZtzJvHPw/viewform.
1 RICHARDS, Tessa et al. Let the patient revolution begin. BMJ 2013;346: f2614.
2 THE PATIENT REVOLUTION. Disponível em: https://www.patientrevolution.org/themovement
3 RICHARDS, Tessa et al. Let the patient revolution begin. BMJ 2013;346: f2614.
4 MONTORI, Victor. Why we Revolt: a patient revolution for careful and kind care. Rochester, MN, USA: Patient Revolution, 2017.
5 ALWOOD, Dominique et al. Leadership for careful and kind care. BMJ Leader 2021; 0:1–5. doi:10.1136/leader-2021-000451.
6 ALWOOD, Dominique et al. Leadership for careful and kind care. BMJ Leader 2021; 0:1–5. doi:10.1136/leader-2021-000451.
7 THE PATIENT REVOLUTION. Disponível em: https://www.patientrevolution.org/themovement.
8 MONTORI, Victor. Why we Revolt: a patient revolution for careful and kind care. Rochester, MN, USA: Patient Revolution, 2017.