Irene Fulgêncio
A perspectiva do paciente deve ser um componente-chave de qualquer estratégia de melhoria da qualidade do cuidado em saúde. A qualidade na perspectiva do paciente inclui acesso aos cuidados em saúde, capacidade de resposta e empatia, boa comunicação, fornecimento de informações claras, tratamento adequado, alívio dos sintomas, melhora do estado de saúde e, acima de tudo, segurança e ausência de eventos adversos.[1]
Os pacientes são geralmente vistos de forma passiva como vítimas de eventos adversos e falhas na segurança,[2] entretanto desempenham papel ativo na garantia que os cuidados em saúde sejam eficazes e adequados na prevenção de eventos adversos e na garantia de sua própria segurança.
Um ponto que cabe ser ressaltado, é não colocar uma carga adicional de responsabilidade nos pacientes que já estão ansiosos e vulneráveis devido a lesões ou patologias graves. No entanto, a maioria dos encontros clínicos não são momentos de crise para os pacientes e o envolvimento adicional em seu tratamento não deve ser considerado um fardo.[3]
Ainda no que diz respeito aos pacientes gravemente doentes, é preciso considerar seus desejos e preferências, seja envolvendo-os diretamente ou ouvindo membros da família como apoiadores nas tomadas de decisão substitutas. [4]
Outro fator relevante é, não tratar o paciente como receptor passivo dos cuidados em saúde, e sim como protagonista do cuidado, exercendo papel ativo nas decisões.[5]
O papel do paciente na promoção da segurança inclui:
1. Ajudar a alcançar um diagnóstico preciso.
2. Decidir sobre o tratamento apropriado ou estratégia de gestão do cuidado.
3. Garantir que o tratamento seja administrado, monitorado e cumprido adequadamente.
4. Identificar possíveis efeitos colaterais ou eventos adversos prontamente e tomar as medidas apropriadas.
Os pacientes têm um papel fundamental a desempenhar na garantia da segurança dos cuidados em saúde. As consequências psicológicas dos eventos adversos, devem ser reconhecidas e tratadas de forma eficaz. Esses aspectos se relacionam à melhoria da comunicação com os pacientes, ouvindo suas preocupações e facilitando a escuta ativa, ponto central para qualquer estratégia de segurança do paciente.
[1] Campbell SM, Hann M, Hacker J,et al . Identifying predictors of high quality care in English general practice: observational study. BMJ 2001;323:784–7[2] Coulter A. Quality of hospital care: measuring patients’ experiences. Proc R Coll Phys Edinb 2001;31(suppl 9):34–6.[3] Cockburn J, Pit S. Prescribing behaviour in clinical practice: patients’ expectations and doctors’ perceptions of patients’ expectations. BMJ 1997;315:520–3[4] Stewart M. Effective physician-patient communication and health outcomes: a review. Can Med Assoc J 1995;152:1423–33.[5] Kravitz RL, Melnikow J. Engaging patients in medical decision making. BMJ 2001;323:584–5.