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Empatia nos cuidados em saúde

Atualizado em 08/02/2021
Por Aline Albuquerque

Empatia nos cuidados em saúde

Atualizado em 08/02/2021
Por Aline Albuquerque

Empatia nos cuidados em saúde

A empatia passou a ser considerada uma capacidade fundamental na esfera dos cuidados em saúde, notadamente em razão do seu impacto na relação profissional-paciente, e, consequentemente, na qualidade dos cuidados em saúde[1] e na melhoria do ambiente de trabalho[2]. Pesquisas apontam para a importância de se educar estudantes de Medicina em habilidades empáticas[3], de forma a contribuir para que a relação com os pacientes seja mais horizontal e a tomada de decisão leve em consideração necessidades, vontade e preferências dos pacientes. Por outro lado, há um movimento global no sentido de se repensar a Medicina sob uma perspectiva humanista. Esse movimento decorre da constatação de que avanços biotecnológicos na área médica e a redução do tempo de consulta[4], além de outros fatores, provocaram um distanciamento entre o profissional de saúde e o paciente.[5] Assim, Halpern assinala que a pressão do tempo de consulta e demandas burocráticas concorreram para transformar a relação profissional-paciente em secundária nos cuidados em saúde[6]. Tal movimento se expressa por meio da Medicina baseada na Empatia e no Cuidado Centrado no Paciente, que, por sua vez, integra a empatia implícita ou explicitamente em seu arcabouço teórico[7]. Define-se, então, a empatia e a conexão humana como fatores determinantes da condição de saúde do paciente. Com efeito, esses estudos lançaram luz sobre o fato de que o relacionamento profissional de saúde-paciente é o coração dos cuidados em saúde.[8] 

Portanto, é fundamental que os sistemas de saúde e as instituições de ensino confiram à comunicação empática a relevância devida no processo de formação e na capacitação de profissionais de saúde. Esse tratamento dado à empatia deverá contribuir para melhores desfechos clínicos e maior qualidade do cuidado. Para além dessas vantagens, a promoção da empatia e da comunicação empática concorre para que se possa redimensionar o papel das conexões humanas no setor da saúde, que tem, paulatinamente, reificado os profissionais e os pacientes, em detrimento do reconhecimento da pessoa como o seu propósito central.0

Referências

[1] PARO, Helena BSM et al. Brazilian version of Jefferson Scale of Empathy: psychometric properties and factor analysis. Medical Education, v. 12, n. 73, 2012.

[2] HOJAT, Mohammadreza. Empathy in health professions education and patient care. London: Springer, 2016. 

[3] HOJAT, Mohammadreza. Empathy in health professions education and patient care. London: Springer, 2016. 

[4] REES, S.; HOWICK, J. Overthrowing barriers to empathy in healthcare: empathy in the age of the Internet. Journal of the Royal Society of Medicine, v. 110, n. 9, p. 352-357, 2017. 

[5] UHRIG, Adam. Exploring empathy in Medical Narratives. All NMU Master’s Theses. 560, 2018. Disponível em: https://commons.nmu.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1580&context=theses. Acesso em: 16 jan. 2021. 

[6] HALPERN, Jodi. From detached concern to empathy. Oxford: Oxford, 2001.

[7] HOWICK, Jeremy. The friendly relationship between therapeutic empathy and person-centred care. European Journal of Person Centred Healthcare, 2019. 

[8] REES, S.; HOWICK, J. Overthrowing barriers to empathy in healthcare: empathy in the age of the Internet. Journal of the Royal Society of Medicine, v. 110, n. 9, p. 352-357, 2017.

Empatia nos cuidados em saúde

Aline Albuquerque, aqui no Blog.
Professora do Programa de Pós-Graduação em Bioética da Universidade de Brasília. Coordenadora do Observatório Direitos do Paciente da Universidade de Brasília. Pesquisadora Visitante na Universidade de Oxford. Pós-doutorado pela Universidade de Essex. Doutorado em Ciências da Saúde. Autora dos livros Bioética e Direitos Humanos, Direitos Humanos dos Pacientes e Capacidade Jurídica e Direitos Humanos. Membro da Sociedade Brasileira para a Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente. Membro do Comitê Hospitalar de Bioética do Grupo Hospitalar Conceição e do Comitê Hospitalar de Bioética do Hospital de Apoio de Brasília. Membro do Redbioética da UNESCO.

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